quarta-feira, 26 de junho de 2013

SOMOS UMA GRANDE FAMÍLIA














NETOS


Por Rachel de Queiroz


Netos são como heranças. 
Você os ganha sem merecer. 
Sem ter feito nada para isso. 
De repente, lhe caem do céu...
O neto é, realmente, 
o sangue do seu sangue, 
filho do filho, 
mais filho do que filho, 
mesmo... 
“Os netos são filhos com açúcar”
Cinqüenta anos, cinqüenta e cinco... 
Você sente, obscuramente, 
que o tempo passou 
mais depressa do que esperava. 
Não lhe incomoda envelhecer, é claro. 
A velhice tem suas alegrias, 
as suas compensações. 

Todos dizem isso, 
embora você, pessoalmente, 
ainda não as tenha descoberto, 
mas acredita.

Todavia, também obscuramente, 
sente que, às vezes, 
lhe dá aquela nostalgia da mocidade. 

Do tumulto da presença infantil 
ao seu redor. 
Meu Deus, 
para onde foram as suas crianças?

Naqueles adultos cheios de problemas 
que hoje são os filhos, 
que têm sogro e sogra, cônjuge, 
emprego, apartamento e prestações,
você não encontra de modo algum 
as suas crianças perdidas. 

Sem dores, sem choros.
Aquela criancinha da qual você 
morria de saudades, chega. 
Símbolo ou penhor da mocidade perdida. 
Pois aquela criancinha, 
longe de ser um estranho,
é um Filho seu que lhe é devolvido.

o espantoso é que todos lhe reconhecem 
o seu direito de o amar com extravagância.
Ao contrário, causaria espanto, decepção, se você não o acolhesse imediatamente com todo aquele amor recalcado que há anos se acumulava, desdenhado, no seu coração.

Sim, tenho certeza de que a vida nos dá netos para nos compensar de todas as perdas trazidas pela velhice.

São amores novos, 
profundos e felizes, 
que vêm ocupar aquele lugar vazio, nostálgico, deixado pelos arroubos juvenis.

É quando vai embalar o menino e ele, 
tonto de sono, abre o olho e diz:
"Vó ", que seu coração estala de felicidade, 

como pão no forno!

Precisamos de seis abraços a cada dia


 SEIS ABRAÇOS
Maria Helena Matarazzo

Uma química delicada se produz entre duas pessoas que se sentem atraídas uma pela outra.O encontro se faz quase sempre pelo olhar.Segue-se a participação da boca, primeiro em sorrisos, depois em palavras. Aí vai surgindo o desejo de tocar, de abraçar.

Pesquisadores americanos dizem que precisamos de SEIS abraços por dia para não nos sentirmos carentes. Por que seis? Talvez porque um é pouco, dois é bom, três é melhor ainda, quatro então nem se fala...

Nossos braços servem para abraçar, enlaçar. Só que cada abraço tem de ser sentido, vivido. Como diz o terapeuta paulistano José Ângelo Gaiarsa, você não toca no outro como se ele fosse uma cadeira.Se não você está coisificando o outro. Acontece que o outro é de carne e osso, parecido com você, por isso o gesto não pode ser impensado, mecânico, automatizado.
As pessoas estão cansadas do gesto máquina, que não reflete nada.

Quando eu toco o outro, que está além das fronteiras do meu próprio corpo, eu o sinto e sinto a mim mesmo simultaneamente. Nesse sentido, podemos ficar horas sem fim nos tocando e nos sentindo. Mergulhando na sensação, percebendo o outro e nos percebendo com as pontas dos dedos.
Num sentido muito real, é como se você tivesse o mundo do prazer ao alcance das mãos. Essa é a linguagem do tato, dos sentidos ... a linguagem inicial da vida.

A primeira impressão de amor, que fica gravada indelevelmente no córtex cerebral da criança, vem do prazer de sugar. Associado à sucção vem o contato corporal, o calor que emana do corpo da mãe. A sensação de estar abraçada. A criança registra essa impressão na mente e vai pelo resto da vida tentando reconstituir, reencontrar essa sensação. Por isso o ser humano tem fome de abraço. Ele está tentando repetir o prazer que está associado a essa primeira experiência.

Assim como aprendemos a falar, porque algumas pessoas falam conosco --- e vamos falar da forma como elas falaram --- também aprendemos a tocar, em grande parte dependendo da forma como fomos tocados. O aprendizado do amor começa aí. As sensações de mamar e amar ficam profundamente interligadas, até inseparáveis na nossa mente.

Mais tarde, frequentemente comer se torna uma forma de compensar a falta de amor. É por isso que, quando estamos carentes, atacamos a geladeira, bebemos mais uma cerveja, tomamos mais um sorvete, comemos mais um chocolate.

Tanto a fome de alimento como essa fome de contato normalmente se intensificam nos períodos de tensão. Entretanto, enquanto a fome de alimentos podemos matar sozinhos com comida, cigarro ou álcool, a fome de contato dificilmente pode ser satisfeita sem outra pessoa. O que se quer é tocar o outro e se deixar tocar, mas não com um gesto vazio.

Os gestos traduzem nossos sentimentos, nossas emoções, nossas intenções. Por isso, cada um tem uma função, um significado diferente,dependendo de onde se toca e da forma como se toca. Nesses termos pode se distinguir carinho de carícia. Carinho é agrado, gesto é ternura, gesto que protege. Carícia é o gesto que excita, estimula, erotiza.São esses gestos que nos aproximam, nos vinculam um ao outro. Entretanto pode-se alisar, abraçar, tocar de forma apressada, impensada, dissociada. Ou pode-se tocar o outro sensualizando, erotizando cada movimento.

Cada gesto traduz um sentimento, uma emoção que provoca uma reação. Se o gesto é indiferente, não manifesta nada, não tem energia nem intenção. Você congela o outro e se congela. Se ele for macio, terno, doce, você derrete o outro e se derrete. Se ele for erótico, excitante, estimulante, apaixonado, você incandesce o outro e se incandesce também.

Muitas vezes quando se faz amor, carinho e carícia se misturam, se juntam se fundem e se confundem. Brincamos com o nosso corpo porque fazer amor é “ um alisar o outro e o outro alisa o um”. Nessa troca de carícias, o outro responde ao meu gesto e tende a fazer aquilo que meu gesto insinua. O que acontece é uma conversa dos dedos sobre a pele.

O que se busca, quando se faz amor é essa ampliação da consciência do contato. Na medida em que vamos aprendendo a ampliar o contato com outra pessoa, vamos ampliando e aprofundando nosso contato vivo e prazeroso com tudo o que existe.

Os dedos são antenas do corpo. É bom sondar, pesquisar, mergulhar, indo do superficial ao profundo, da periferia ao centro, do habitual ao diferente, porém com responsabilidade, com consciência, respeitando o outro e se respeitando. Nesse sentido, ninguém pode dizer “fiz amor”, pois o amor nunca se apresenta como coisa feita, acabada. Sempre há o que fazer e refazer.






Arte, linguagem e conhecimento


Inúmeras são as formas de comunicação com as quais o ser humano de todos os povos, países e culturas registram a sua passagem por este planeta.Partimos da afirmação de que toda produção artística nasce da história e faz parte do dia a dia das pessoas que vivem ou viveram essa história.Se toda criação,está carregada de sentimentos e pensamentos de uma época,isso nos proporciona a possibilidade de conecermos mais lugares e tempos sem nunca termos visitado esses locais.

Essa produção do ser humano chega até nós como um presente da história. E, quando a apreciamos, é como se visitássemos o passado, pois as manifestações artísticas das diferentes épocas nos revelam como as pessoas viveram e pensaram. A arte vem sendo produzida pelo ser humano desde que ele, pela primeira vez, realizou um registro gráfico em sua caverna, emitiu um som ou um gesto e a ele atribuiu significado.

O ser humano é um ser simbólico: somos seres simbólicos, isso faz com que sejamos capazes de inventar e criar símbolos, ordenado e interpretando o mundo por meio de sistemas de representação, para objetivar nossos pensamentos e sentimentos, com o intuito de compreender o que se passa no mundo. Somos seres simbólicos e a arte, patrimônio cultural da humanidade.

Através da arte, temos acesso aos sentimentos e aos pensamentos das comunidades de qualquer época, povo, cultura ou país. Produzindo arte nos conhecemos melhor, adquirimos conhecimento histórico e a apreciação artística.A arte deve ser entendida como conhecimento e linguagem. A arte é e traz conhecimento como diz Ivani Gualda.

“[...] O conhecimento implica em sentir, pensar, fazer, construir, compreender, comparar, relacionar, selecionar, simbolizar... Ora, na Arte estão presentes todos estes aspectos: sentimento, razão, produção, comparação, seleção, construção, simbolização, representação de mundo, expressão, comunicação. Assim, podemos afirmar, com toda segurança: Arte é conhecimento.[...]”

A arte é e traz conhecimento, aquele que é específico das linguagens artísticas ( o estudo das cores, das formas, dos tamanhos, das proporções, das relações, da perspectiva, do som, do ritmo, da melodia, da harmonia, da comunicação, dos registros musicais, do gesto expressivo, da cenografia, da sonoplastia, da coreografia, da construção de personagens, etc) assim como conhecimentos de história, geografia, sociologia, filosofia, religião, política, psicologia, antropologia, arqueologia, enfim, tudo o que faz parte do contexto em que a obra é criada,seja ela concreta, abstrata...

Em Didática do Ensino da Arte, Miriam Martins afirma que arte é linguagem uma vez que o homem criou invenções para se expressar, usando sistemas simbólicos.

“[...] Como seres simbólicos, nossa autocriação e transformação cultural nos desenvolveram como seres de linguagem. Nós, humanos, somos capazes de conceber e manejar linguagens que nos permitem ordenar o mundo e dar-lhe sentido[...].

[...] há um percurso de invenções que o homem efetuou e vem efetuando por meio de sistemas de representação do mundo, sistemas simbólicos, ou seja, linguagens.”

A arte é linguagem por tratar-se de um sistema de representação que utiliza principalmente signos não-verbais ( cor, luz, sombra, forma, som, silêncio, gesto, movimento, etc.) com os quais o artista, com alguma intenção compõe uma obra, atribuindo significados a esses elementos. Se arte é linguagem, pressupõe leitura, e é nessa decodificação, na fruição estética, que o apreciador torna-se quase um co-autor, pois retira/empresta à obra significações tantas quantas forem sua capacidade de leitura e história de vida. Cresce em conhecimento de si mesmo, de mundo e de humanidade.

Um dia - Mário Quintana

Um dia descobrimos que beijar uma pessoa para esquecer outra, é bobagem.
Você não só não esquece a outra pessoa, como pensa muito mais nela... 
Um dia, nós percebemos que as mulheres tem êxito "caçador" e fazem qualquer homem sofrer.
Um dia, descobrimos que se apaixonar é inevitável.
Um dia, percebemos que as melhores provas de amor são as mais simples.
Um dia, percebemos que o comum não nos atrai.
Um dia, saberemos que ser classificado como o "bonzinho" não é bom.
Um dia, percebemos que a pessoa que nunca te liga é a que mais pensa em você.
Um dia, saberemos a importância da frase:" Tu te tornas eternamente resposável por aquilo que cativas..."
Um dia, percebemos que somos muito importante para alguém, mas não damos valor a isso.
Um dia, perceberemos como aquele amigo faz falta, mais aí já é tarde demais.
Emfim... um dia, descobriremos que apesar de viver quase um século, esse tempo todo não é suficiente para realizarmos todos os nosso sonhos, para beijarmos todas as bocas que nos atraem, para dizer tudo o que tem que ser dito...
O jeito é: ou nos conformamos com a falta de algumas coisas na vida ou lutamos para realizar todas as nossas loucuras...
Quem não compreende um olhar, tampouco compreenderá uma longa explicação.
                                

As novas Tecnologias da Informação e Comunicação a serviço da Educação

A tecnologia que remonta de um passado não muito distante em função das mudanças provocadas pela revolução industrial, trás  discussões em torno de sua utilização no campo da educação on line. Mas como bem diz  Marcelo Zuffo, tecnologia não é só comunicação e informação como muitos pensam, ela é uma atividade humana que   faz com que  passemos a refletir acerca de sua utilização, sua prática. Ela é atuação. 

Devido estarmos atrelados ao uso da fala,  do discurso,  torna-se difícil compreender que é na construção  do fazer, partindo para a prática que as mudanças podem e devem acontecer construindo-se uma nova forma de  expressão através das novas TICs.

Para que passemos a utilizar a tecnologia, precisamos estar abertos para as mudanças que poderão ocorrer, mudanças de nossas práticas pedagógicas, de  velhos hábitos até. Muitos tem medo  de um novo contato com ferramentas que não fazem parte de seu universo e que agora despontam desafiadores no processo ensino-aprendizagem. Não é fácil soltar as amarras, seja por comodismo, preguiça, medo do desconhecido e outros entraves.

A tecnologia poderá ser de grande valia para nós educadores compromissados com a educação, em busca de novos saberes, de novas práticas  podendo  ajudar na construção e na integração  de um novo  cidadão.  Tal construção não se dará só com o professor ou aluno, mas  principalmente, no ambiente escolar  com  espaços físicos apropriados, com condições dignas de trabalho.

Como contribuição para a aprendizagem a tecnologia pode ofertar o  desenvolvimento da criatividade, a criticidade, a participação  em grupo ou individual em projetos que permitam que o aluno se torne  construtor, autor de suas descobertas,  melhorando a auto- estima pelo fato do educando descobrir o seu potencial.

Percebo as novas tecnologias  da educação como uma ferramenta concreta para despertar o interesse do aluno e uma aliada do professor que gosta de estudar, de inovar, que está sempre em busca de novas formas de ensino-aprendizagem.

 Vânia de Castro